Meningites: vamos prevenir?

A meningite é um processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser causada por diversos agentes infecciosos, dentre eles bactérias, vírus, parasitas e fungos, ou também por processos não infecciosos.

As meningites bacterianas e virais são as mais importantes do ponto de vista da saúde pública, devido sua magnitude, capacidade de ocasionar surtos, e no caso da meningite bacteriana, a gravidade dos casos.

No Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica. Deste modo, casos da doença são esperados ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais, sendo mais comum a ocorrência das meningites bacterianas no inverno e das virais no verão.

O termo meningite expressa a ocorrência de um processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro.

 

Meningites bacterianas

 Os principais agentes bacterianos causadores de meningite são:

Neisseria Meningitidis             

Bactéria Gram-negativa em forma de coco. Causadora da Doença Meningocócica. Possui diversos sorogrupos, de acordo com o antígeno polissacarídeo da cápsula. Os mais frequentes são os sorogrupos A, B, C, W e Y.

Abaixo podemos observar a distribuição das meningites por sorogrupo no Estado de São Paulo no período de 1998 a 2018.

 

Streptococus Pneumoniae

Bactéria Gram-positiva com característica morfológica esférica (cocos), disposta aos pares (diplococo). Possui mais de 90 sorotipos capsulares, entretanto, alguns sorotipos raramente causam doença e apenas 16 deles são responsáveis por aproximadamente 90% de doença invasiva.

Mycobacterium tuberculosis
             Bacilo não formador de esporos, sem flagelos e que não produz toxinas.

Haemophilus Influenzae
             Bactéria Gram-negativa que pode ser classificada, atualmente, em 6 sorotipos (a, b, c, d, e, f), a partir da diferença antigênica da cápsula polissacarídica. O Haemophilus influenzae, desprovido de cápsula, se encontra nas vias respiratórias, podendo causar infecções assintomáticas ou doenças não invasivas, tais como: bronquite, sinusites e otites, tanto em crianças como em adultos.

              Meningites Virais

         São representadas principalmente pelos Enterovírus. Neste grupo estão incluídas as três cepas dos poliovírus, 28 cepas de echovírus, 23 cepas do vírus coxsackie A, 6 do vírus coxsackie B e 5 outros enterovírus.

 

Epidemiologia das meningites

Ao analisar o período de 1998-2018 podemos observar uma incidência maior nos casos de meningite viral que geralmente apresentam quadros mais brandos e não necessitam de ações de bloqueio medicamentoso ou vacinal.

As meningites bacterianas geralmente são mais agressivas de rápida evolução e com risco de complicações/óbitos.

Abaixo segue a distribuição das meningites no período de 1998 a 2018 no Estado de São Paulo:

No ano de 2019, o Hospital Regional Dr. Leopoldo Bevilacqua apresentou até o momento 9 casos confirmados para meningite, sendo 2 meningites não especificadas (não identificado agente causador), 3 meningites de etiologia viral, 1 meningite tuberculosa, 2 casos de meningite meningocócica e 1 caso de meningite pneumocócica conforme imagem abaixo:

Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação

* Dados extraídos no dia 25/06/2019, sujeitos a revisão

 

Sinais e sintomas

Os principais sinais e sintomas são febre, dor de cabeça intensa e contínua, rigidez na nuca e, nas meningites bacterianas, manchas vermelhas ou arroxeadas na pele. Em crianças, os sintomas podem não ser tão evidentes, mas uma vez que seja verificada a presença de desânimo, prostração ou moleira, é necessário se dirigir a uma unidade de saúde imediatamente.

 

Modo de transmissão

              Em geral a transmissão é de pessoa a pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções da nasofaringe, havendo necessidade de contato próximo (residentes da mesma casa, pessoas que compartilham o mesmo dormitório ou alojamento, comunicantes de creche ou escola) ou contato direto com as secreções respiratórias do paciente

           A transmissão fecal-oral é de grande importância em infecções por Enterovírus (MeningiteViral).

Período de transmissão

            É variável, dependendo do agente infeccioso e da instituição do diagnóstico e tratamento precoces. No caso da doença meningocócica, a transmissibilidade persiste até que o meningococo desapareça da nasofaringe. Em geral, isso ocorre após 24 horas de antibioticoterapia. Aproximadamente 10% da população pode se apresentar como portador assintomático.

 

Susceptibilidade

A susceptibilidade é geral, entretanto o grupo etário mais vulnerável são as crianças menores de 5 anos, porém as crianças menores de 1 ano e os indivíduos maiores de 60 anos são mais susceptíveis à doença. Os indivíduos portadores de quadros crônicos ou doenças imunossupressoras como síndrome nefrótica, asplenia anatômica ou funcional; insuficiência renal crônica; diabetes mellitus; infecção pelo HIV, também possuem maior susceptibilidade de adoecer.

 

Tratamento

Em se tratando de meningite bacteriana o tratamento com antibiótico deve ser instituído tão logo seja possível, preferencialmente logo após a punção lombar e a coleta de sangue para hemocultura. O uso de antibiótico deve ser associado a outros tipos de tratamento de suporte, como reposição de líquidos e cuidados a assistência.

A precocidade do tratamento e diagnóstico são fatores importantes para o prognóstico satisfatório das meningites. A adoção imediata do tratamento adequado não impede a coleta de material para o diagnóstico etiológico, seja líquor, sangue ou outros, mas recomenda-se que a coleta das amostras seja feita preferencialmente antes de iniciar o tratamento ou o mais próximo possível deste.

 

Vacinação

                Existem três vacinas contra meningite meningocócica no país, mas o SUS disponibiliza apenas a vacinação contra o subtipo C para crianças menores de 5 anos e adolescentes na idade entre 11 e 12 anos. Conforme o Ministério da Saúde, esse é o tipo mais frequente da doença, responsável por 60% dos casos.

                As demais vacinas (contra B, A, W e Y) estão disponíveis no Brasil em clínicas particulares. São duas: uma contra a meningite meningocócica B e outra contra as meningites meningocócicas A, C, W e Y – ou seja, trata-se de uma vacina quadrivalente.

 

Referência Bibliográfica:

CVE/SES/SP. Sobre meningites. São Paulo: Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória. Centro de Vigilância Epidemiológica. Secretaria de Estado da Saúde. Página disponível em http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-de-transmissao-respiratoria/meningites.html

 

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