SCIH do HRLB conscientiza sobre sepse

O Dia Mundial da Sepse é lembrado neste dia 13 de setembro. Mas, você sabe o que é a sepse? O SCIH – Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Regional Dr. Leopoldo Bevilacqua, de Pariquera-Açu, administrado pelo CONSAÚDE, realiza uma ação de conscientização sobre a doença nesta data.

A sepse é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma infecção. A sepse era conhecida antigamente como septicemia ou infecção no sangue. Hoje é mais conhecida como infecção generalizada.

Na verdade, não é a infecção que está em todos os locais do organismo. Por vezes, a infecção pode estar localizada em apenas um órgão, como por exemplo, o pulmão, mas provoca em todo o organismo uma resposta com inflamação numa tentativa de combater o agente da infecção. Essa inflamação pode vir a comprometer o funcionamento de vários dos órgãos do paciente.

Por isso, o paciente pode não suportar e vir a falecer. Esse quadro é conhecido como disfunção ou falência de múltiplos órgãos. É responsável por 25% da ocupação de leitos em UTIs no Brasil. Atualmente a sepse é a principal causa de morte nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e uma das principais causas de mortalidade hospitalar tardia, superando o infarto do miocárdio e o câncer. Tem alta mortalidade no país, chegando a 65% dos casos, enquanto a média mundial está em torno de 30-40%. Segundo um levantamento feito pelo estudo mundial conhecido como Progress, a mortalidade da sepse no Brasil é maior que a de países como Índia e a Argentina.

A doença é a principal geradora de custos nos setores público e privado. Isto é devido a necessidade de utilizar equipamentos sofisticados, medicamentos caros e exigir muito trabalho da equipe médica. Em 2003 aconteceram 398.000 casos e 227.000 mortes por choque séptico no Brasil com destinação de cerca de R$ 17,34 bilhões ao tratamento.

De acordo com Dr. Arnaldo D’Amore Zardo, infectologista e responsável pela CCIH – Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, “ o mais importante é que todos profissionais de saúde esteja informados sobre a identificação precoce e sobre o protocolo de ações para o tratamento adequado de qualquer infecção grave”, afirmou. “Também é possível prevenir a sepse, evitando a infecção. Existem vacinas para determinados agentes como pneumococos e H1N1. A prevenção pode ser feita ainda com um estilo de vida saudável, com alimentos nutritivos, exercício físico e descanso, sem contar a higienização das mãos que é um hábito que ajuda a prevenir a infecção”, orienta o infectologista.

Causas e sintomas

A sepse é causada por infecções graves, tanto as adquiridas na comunidade, particularmente as que envolvem pulmões, vias urinárias, abdome, pele e coração, quanto as contraídas no ambiente hospitalar. Neste último caso, os processos infecciosos ocorrem por uma variedade de situações, entre as quais se destacam procedimentos cirúrgicos em regiões mais suscetíveis – como os intestinos –, uso prolongado de dispositivos que permanecem em contato com a pele e a corrente sangüínea de uma pessoa – a exemplo de cateteres e sondas –, eventuais falhas nos processos de limpeza e esterilização de artigos médico-hospitalares e até mesmo falta de adoção das práticas universais de limpeza e desinfecção por parte da equipe de saúde. Há, porém, um grupo mais suscetível a desenvolver a sepse, formado por bebês prematuros, crianças com menos de 1 ano de idade, pessoas com mais de 65 anos de idade, usuários crônicos de drogas e álcool, indivíduos desnutridos, vítimas de traumatismos, queimaduras, acidentes automobilísticos e ferimentos à bala, pacientes hospitalizados por períodos prolongados e indivíduos com o sistema imunológico deprimido por doenças e tratamentos, como transplantados e portadores de câncer, aids e doenças crônicas.

A evolução do quadro clínico da sepse depende do local onde iniciou a infecção, da presença de outras doenças concomitantes, da idade da pessoa, do grau da resposta inflamatória, do comprometimento causado aos órgãos e até do momento do diagnóstico. De qualquer modo, os principais sintomas incluem febre ou temperatura corporal muito baixa, calafrios, falta de apetite, dores musculares, batimentos cardíacos acelerados, respiração rápida, pressão arterial baixa, volume reduzido de urina, surgimento de feridas e sangramentos, irritabilidade e alterações do nível de consciência.

Exames e diagnósticos

O diagnóstico da sepse quase sempre é clínico e laboratorial. Muitas vezes, o foco da infecção inicial pode ser identificado com base no exame físico e na história de saúde da pessoa – é o caso, por exemplo, do indivíduo que está recebendo tratamento para pneumonia e, de repente, começa a apresentar febre novamente. Quando não é possível localizar de imediato a origem do processo, geralmente se recorre a algum método de imagem para fazer essa pesquisa, como a ultra-sonografia e a tomografia. Qualquer que seja o caso, a investigação não prescinde da realização de alguns exames de sangue, entre eles o hemograma, que confirma o processo inflamatório ao revelar alterações no número dos glóbulos brancos, a dosagem de lactato, que pode indicar a má oxigenação de células e tecidos do corpo, e, finalmente, a hemocultura, que é capaz de isolar o microrganismo envolvido na sepse para direcionar a terapêutica. Contudo, nem sempre o agente infeccioso aparece na cultura, seja por causa do antibiótico administrado para a infecção original, seja por conta do modo de coleta, seja por não haver continuamente bactérias na circulação. Assim, outras culturas podem ser necessárias, como as da secreção expelida pelos pulmões, de urina, de eventuais feridas de pele e mesmo das partes do cateter endovenoso que mantenham contato com o doente.

Tratamento e prevenções

O tratamento tem de ser feito em unidade de terapia intensiva e obrigatoriamente deve combinar o uso de antibióticos por via endovenosa com um amplo e agressivo suporte, baseado em medicamentos e aparelhos, para restabelecer as funções do organismo e manter os sinais vitais do indivíduo em níveis adequados – temperatura corporal, batimentos cardíacos, pressão arterial e respiração. Uma vez que a taxa de mortalidade na sepse é elevada, os médicos tomam as providências terapêuticas antes mesmo de conhecer o microrganismo responsável pela infecção, inicialmente com antimicrobianos de amplo espectro, ou seja, capazes de eliminar diversas bactérias. Oportunamente, quando os resultados das culturas ficam prontos, é possível introduzir um antimicrobiano mais específico para combater o agente encontrado, se necessário.

A prevenção da sepse exige esforços individuais e coletivos para evitar infecções, sejam elas quais forem. No ambiente hospitalar, as medidas preventivas passam particularmente pela observação rigorosa das práticas universais de limpeza e desinfecção por parte da equipe de saúde e pela garantia de segurança nos processos de esterilização de artigos médicos e instrumentais.

Já na comunidade, a redução do risco de infecções evidentemente requer a manutenção de bons hábitos individuais de higiene e saúde – desde lavar as mãos antes das refeições até dormir bem –, mas também depende da manutenção de uma boa qualidade de vida da população, com moradias adequadas, rede de esgoto e saneamento e acesso aos serviços médicos, só para citar itens básicos. Assim sendo, trata-se de um problema de saúde pública. Individualmente, uma vez que algum processo infeccioso se instale, é fundamental seguir o tratamento pelo tempo recomendado pelo médico, já que a interrupção pode dar origem a bactérias difíceis de eliminar, e jamais usar antibióticos sem prescrição. Além disso, em casa, deve-se agir rapidamente quando doentes em tratamento não parecem melhorar após a introdução de uma terapêutica com antibióticos. Assim como a febre, em crianças, funciona como um sinal de alerta para voltar a procurar auxílio médico, nos indivíduos com mais de 65 anos, o alarme muitas vezes é dado por pressão baixa, volume reduzido de urina e confusão mental.

 

 

 

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