Comissão Intra-hospitalar de Transplante do HRLB/CONSAÚDE busca conscientizar famílias sobre a doação de órgãos

O Hospital Regional Dr. Leopoldo Bevilacqua (HRLB), administrado pelo CONSAÚDE (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ribeira e Litoral Sul), possui uma Comissão Intra-hospitalar de Transplante (CIHT), que vem trabalhando incansavelmente para conseguir o maior número possível de doações. Oito funcionários do HRLB fazem parte da Comissão, sendo médicos, enfermeiros, psicólogo e assistente social.

A Comissão do HRLB foi constituída e aprovada pela Portaria nº 002/2012, de 29 de fevereiro de 2012. O Hospital foi incluído no Programa Paulista de Apoio às Comissões Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, programa do qual fazem parte hospitais que, em 2013, notificaram maior número de mortes encefálicas no Estado de São Paulo.

A compreensão dos familiares e o profissionalismo das equipes envolvidas nas captações tornaram o HRLB/CONSAÚDE uma instituição de referência na captação de órgãos em todo o Estado.

A cada ano a Comissão enfrenta o constante desafio de conscientizar as famílias sobre a importância da doação de órgãos. A missão não é nada fácil, pois esbarra em falta de informação e alguns mitos como o estado em que fica o corpo após a doação.

O enfermeiro André Luís Arcari, coordenador de enfermagem da UTI do HRLB/CONSAÚDE e integrante da Comissão, explica que os familiares não devem ter receio quanto à doação. “Após a retirada dos órgãos, não haverá nenhuma deformidade no corpo do paciente, até mesmo quando ocorre a doação de córneas. Todas as etapas de captação são realizadas no próprio Hospital, por equipes do Hospital onde o paciente que receberá o órgão faz seu tratamento. É importante ressaltar que não há custos para a família do doador,”, tranquiliza.

Em 2017, o HRLB teve 10 casos notificados de pacientes com morte encefálica, que é o diagnóstico que possibilita a doação de órgãos. As famílias são informadas e orientadas, mas infelizmente nem todas aceitam. Até setembro deste ano, foram apenas dois doadores de fígado, rins e córneas.

 

Como funciona

Com a constatação da morte encefálica do paciente, verificada pelos profissionais da Comissão Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes por meio de dois testes clínicos, é acionada a OPO (Organização de Procura de Órgão) do Hospital das Clínicas, em São Paulo, ligada a uma Central de Captação de Órgãos da Secretaria de Estado da Saúde, que envia profissionais para o último teste no paciente, desta vez por imagem.

Após os três testes (dois clínicos e um por imagem), quem decide pela doação são familiares diretos do paciente. “Por isso, quem deseja doar órgãos, deve comunicar a família ainda em vida. É importante ainda que todos entendam que existe o respeito dos profissionais do Hospital pelo luto das famílias”, disse Arcari.

A família é informada assim que há a suspeita de morte encefálica do paciente, inclusive sobre a possibilidade de doação de órgãos. Os profissionais da Comissão também são responsáveis pelo apoio psicológico dos familiares.

A doação bem sucedida depende da relação de confiança estabelecida entre a Comissão e a Central de Captação de órgãos e a família do potencial doador, bem como da agilidade do processo de confirmação de morte encefálica. A obtenção de órgãos e tecidos de pacientes com morte encefálica com finalidade de transplante só é possível se forem cumpridas uma série de etapas sequencialmente organizadas, que garantam a identificação do doador potencial, o diagnóstico de morte encefálica, a manutenção clínica e farmacológica, o consentimento familiar, a locação dos órgãos e tecidos doados, as cirurgias de retirada e a realização dos transplantes e implantes.

O enfermeiro André Luís Arcari ressalta que, na doação, há esperança e solidariedade. “Você família, pai/mãe, filho/filha, esposo/esposa – conversem sobre a intenção de ser doador de órgãos, leiam na internet sobre doação de órgãos, entrem no site da Secretaria de Estado da Saúde (veja a lista de espera de transplantes), pensem em quantas pessoas poderão ajudar. Talvez você tenha um vizinho, um conhecido ou até mesmo um familiar que está em uma fila aguardando um transplante. Pense nisso. Doar órgãos é salvar vidas”, finalizou.

 

 

Regida por lei

A doação de órgãos é regida pela Lei nº 9.434/97. É ela quem define, por exemplo, que a retirada de órgãos e tecidos de pessoas mortas só pode ser realizada se precedida de diagnóstico de morte cerebral constatada por dois médicos e sob autorização de cônjuge ou parente. Para ser doador, não é necessário deixar documento por escrito. Cabe aos familiares autorizar a retirada de órgãos. Caso a família autorize a doação, o Hospital, por meio da Comissão Intra-hospitalar de Transplantes, notifica a Organização de Procura de Órgão (OPO) da região. A OPO se dirige ao hospital e examina o doador, revendo a história clínica, os antecedentes médicos e os exames laboratoriais.

A viabilidade dos órgãos é avaliada pela OPO em duas etapas, como a sorologia para afastar doenças infecciosas e a compatibilidade com prováveis receptores. A OPO informa a equipe de transplante, lista de receptores inscritos, compatíveis com o doador. No caso de transplante de rins, deve-se fazer ainda uma nova seleção por compatibilidade imunológica ou histológica. A Central, então, informa a equipe de transplante e o paciente receptor nomeado. E assim, muitas vidas podem ser salvas. Por isto é tão importante que se comunique os familiares o desejo de ser um doador de órgãos.

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